Recentemente um dirigente associativo português acusou o governo do Luxemburgo de “incoerência” entre “aquilo que diz e aquilo que faz”. Tudo isto a propósito da proibição de se falar português nas escolas e jardins de infância do Grão-Ducado .
Trata-se de uma medida que mostra claramente por onde começa a falência do projeto de uma europa unida, e que explica a crise em que estamos mergulhados, que antes de mais é cultural.
Estranhamente esta medida, de castração e desvalorização clara da língua portuguesa esbarra frontalmente com a política anunciada pelas autoridades Luxemburguesas, que defende (ou defendia) a importância do português para promover o sucesso escolar dos imigrantes.
Corinne Cahen, Ministra da família, num “post” recente no facebook defendeu inclusivamente a aprendizagem das várias línguas faladas naquele país desde a mais tenra idade.
Éevidente que nada nos move contra o facto das autoridades daquele paíspretenderem difundir a sua língua, tal como nósfazemos com a nossa, masépreciso ter em linha de conta que tal objectivo nunca deve ser feitoàcusta de proibições que se assemelham a“sujeições e humilhações”, estando sobretudo dentro de um espaçode UniãoCultural Económica e Política.
Por outro lado, as autoridades Luxemburguesas deveriam pensar no que “têm a ganhar” ao fazer crescer em paralelo a língua luxemburguesa com a portuguesa. Na população escolar do Grão-ducado o Luxemburguês é falado por cerca de 40 por cento dos alunos, estando o português logo abaixo com cerca de trinta por cento. Se olharmos para o exterior, qualquer cidadão Luxemburguês percebe facilmente as vantagens de terem uma nova vaga de cidadãos cuja língua materna é falada por milhões de pessoas em todo o mundo.
O tempo do Luxemburgo ser um país próspero, por usufruir dos impostos que deviam ser pagos noutros paísese de depósitos bancários muito superiores ao Produto Interno Bruto acabou inexoravelmente, é portanto tempo das suas autoridades trilharem outros caminhos que garantam ao pequeno estado conhecer outras vias para a modernidade.
Éisto que sinceramente nãose percebe por parte das autoridades luxemburguesas que estãoa desperdiçar este enorme potencial ao deixar estas decisões na mãode dois ou trêsdirectores de escolas sem a visãonecessária e estratégica parao futuro do próprio país.
Os portugueses que vivem e trabalham no Luxemburgo são fundamentais para este futuro. São bons cidadãos, trabalhadores e cumpridores dos seus deveres. Merecem por isso poder falar a sua língua onde e muito bem quiserem para proveito própria, da sua comunidade e também do país que os acolhe.
Não se sabe ainda se o senhor Jean Claude Juncker, vai permanecer à frente da Comissão Europeia, ou se cederá ao ruído enorme que já se faz ouvir. Se ficar vai ter um enorme trabalho para fazer retomar a europa ao caminho de onde nunca devia ter saído, para que todos os europeus se sintam reconfortados com os seus direitos enquanto tal, independentemente do local onde vivam.
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