Jamais imaginaria o Conde da Ervideira que um dia um vinho com seu nome, e com a denominação de marca registada ‘Vinho de Água’ estagiaria no Alqueva, a cerca de 30 metros de profundidade. Na calma das águas, temperatura constante e ausência de luz, ganha maior elegância, e bouquet como se pôde comprovar…
Jamais imaginaria o Conde de Ervideira que um dia um vinho com seu nome, e com a denominação de marca registada “vinho de água” estagiaria no maior lago artificial da Europa, o Alqueva, ali na Amieira-Marina a cerca de 30 metros de profundidade, onde na calma das águas e temperatura constante e ausência de luz, ganha maior elegância, e bouquet como se pode comprovar, provando o mesmo vinho e comparando – Conde D´Ervideira reserva Tinto e Conde D´Ervideira Reserva Tinto – ‘Vinho de Água’.
A 2ª edição de 2014 foi retirada e, as mesmas águas do Alqueva recebem as caixas com nova encomenda da colheita de 2015 e num total de 20.000 garrafas.
Foi em Outubro de 2015 que a Adega da Ervideira, no concelho de Évora, resolveu enveredar por uma nova experiência: submergiu 30 mil garrafas de vinho nas águas do Alqueva. Em Abril deste ano, uma parte dessas garrafas regressaram à superfície, as restantes foram retiradas agora. São as últimas 10 mil de 2014 reservadas para o Natal. “Depois vários meses de estágio, começamos em Abril a retirar o vinho de 2014, num total de 30 mil garrafas e já vendemos 20 mil”, conta aos jornalistas Duarte Leal da Costa. A logística não é fácil.
Depois de devidamente rolhadas e com rolhas mais “apertadas” e lacradas as garrafas em número de 324 por caixa, são transportadas até dentro e água pelo trator e uma vez aí, o seu peso de 500 kg devido à flutuação são facilmente levadas por um barco para locais escolhidos, junto à Marina da Amieira, um local aprazível e seguro e de onde partem as embarcações turísticas que sulcam estas águas do Guadiana, domesticado pelo homem e grande fonte de irrigação e de desenvolvimento do Alentejo.
Mergulham entre os 26 e 30 metros, encostam às margens submersas do rio e de cada caixa é atada uma corda a boias de sinalização. Ali vão ficar, tranquilas… Duarte Leal da Costa explica: “Dentro de uma cave poderíamos recriar a luz zero, que o fundo da barragem apresenta, como não há movimentos. Dentro de uma cave isso também seria possível, porém aquilo que não conseguimos colocar dentro de uma cave seria pressão, a pressão que a água influi na rolha e que se transmite ao vinho que a par da temperatura constante transmite ao vinho maiores qualidades como se pode comprovar”.
O que diferencia este vinho?
“O Conde d’Ervideira Tinto Vinho da Água é exatamente o mesmo vinho que o Conde d’Ervideira Reserva”, lembrou Duarte Leal da Costa e na prova durante ao almoço. Os palatos sentiram e bem a diferença, num vasto painel de jornalistas especialistas em vinhos.
“A única diferença é o estágio dentro de água” e, regista, “com o produto a cerca de 30 metros de profundidade onde não existe qualquer luz, variação de temperatura (16º graus em média) ou movimentos da água, o mais importante: estamos a falar de uma pressão de quatro quilos sobre o vinho e que, minimamente, altera o volume modificando, também, a pressão do vinho dentro da garrafa e tornando-o muito melhor”.
Isso jamais se poderia recriar numa cave. Todos os outros itens, seriam possíveis.
A Adega da Ervideira exporta os seus vinhos para a Europa, Brasil, China e Macau. Na Europa destaca-se a Suíça, Alemanha, Luxemburgo, Bélgica e Holanda e, fruto da sua aposta na exportação – que representa 30% das vendas – aliado ao mercado nacional, que para Duarte Leal da Costa tem uma grande importância, somando às vendas nas suas três Wine Shops, tudo tem projetado a empresa num crescimento e volume de negócios que vai ultrapassar os dois milhões de euros este ano e vai continuar a crescer com a aposta nos mercados internacionais.
Com a presença em feiras, em que a presença no SISAB PORTUGAL é sempre uma constante, espera a Ervideira chegar a mercados como o Canadá, EUA, Japão, onde Duarte Leal da Costa sabe que há 200 milhões de consumidores da gama média e média alta. “Posso dizer-lhe que o vinho já está em Macau, China, Brasil, Suíça, Alemanha, Luxemburgo, Bélgica e Holanda”, acrescenta o diretor da empresa e que, o balanço desta primeira colheita (2014) é “extremamente positivo” de tal forma que foram já colocadas “debaixo de água 20 mil garrafas da nova colheita de 2015”.
Poucos vinhos estagiam na água
Nos planos de Duarte Leal da Costa, está “ter sempre vinho a estagiar nas profundezas de Alqueva”, não havendo, contudo, garantia de que “tenhamos sempre vinho no mercado porque de vez em quando esgotará certamente”, remata. “O feedback tem sido fabuloso”, revela o diretor executivo da Ervideira, “porque no mundo há poucos vinhos estagiados na água, o que desperta uma grande curiosidade, levando as pessoas a quererem provar”. Comprar ou oferecer uma destas garrafas é também, diz o responsável, “comprar e oferecer um pouco de história” com o vinho a revelar-se “uma agradável surpresa”.
O investimento neste “vinho de água” é superior à diferença de preço, refere Duarte Leal da Costa “já que o mesmo vinho sem estagiar no Alqueva pode ter preços de venda ao público entre 12 e os 14 euros por garrafa e o que estagia no Alqueva se situará entre os 18 e os 22 euros”.
Aqui, neste ponto, Duarte Leal da Costa, acompanhado pelo seu irmão, Manuel leal da Costa, e pelo enólogo Nelson Rolo, a bordo de uma embarcação e, supervisionando as operações, refere que “há o retorno em termos de marca, da solidez da empresa a sua reputação, já que somos uma empresa inovadora, com vinhos de alta qualidade e que prestigia o seu lago o Alqueva”.
A supervisionar estas operações esteve o Presidente da Comissão Vitivinícola do Alentejo, Francisco Mateus.
Os técnicos desta CVR recolhem amostras do vinho quando entra na água e quando sai, ou seja, passa por um rigoroso processo de segunda certificação, controlando a CVR todo o percurso. Para que o consumidor tenha a garantia que comprou um vinho que teve a mais valia de ter estagiado dentro de água, num processo natural que quem busca os melhores vinhos “inventou” e com resultados surpreendentes em textura, e sabor que fazem a diferença…
António Freitas
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