Verdadeiro símbolo histórico, está completamente restaurado e é atualmente um dos mais belos castelos do nosso país e onde funciona uma das Pousadas de Portugal
Implantado sobre um pequeno monte, noutros tempos à beira-mar, o Castelo de Óbidos domina a planície envolvente e o rio Arnoia, a leste. Integra o conjunto da vila, que também preserva as suas caraterísticas medievais.
Atribui-se uma origem romana ao Castelo de Óbidos. Depois, foi uma fortificação sob o domínio árabe conquistada pelos cristãos em 1148 e várias vezes reparada e ampliada. No contexto da reconquista cristã da região, após as conquistas de Santarém e de Lisboa (1147), as forças de D. Afonso Henriques encontraram uma grande resistência para conquistar Óbidos e seu castelo, acabando por consegui-lo a10 de janeiro de 1148.
Sob o reinado de Sancho I de Portugal (1185-1211) realizaram-se obras nas suas defesas, conforme revela uma inscrição epigráfica na Torre do Facho. Foi ainda neste período que a vila recebeu a sua carta de foral (1195). O seu filho e sucessor, Afonso II de Portugal (1211-1223), doou o senhorio de Óbidos a D. Urraca de Castela, sua esposa, em 1210.
Embora estivesse sob o domínio de D. Urraca de Castela, a povoação e seu castelo mantiveram-se fiéis a Sancho II de Portugal (1223-1248), aquando da crise da sua deposição, resistindo vitoriosamente, em 1246, aos assaltos das forças do conde de Bolonha, futuro Afonso III de Portugal (1248-1279). Esta história de resistência valeu à vila o epíteto de “mui nobre e sempre leal”, que figura até hoje em seu brasão de armas.
Dinis I de Portugal (1279-1325), por carta de arras datada de 24 de abril de 1281, outorgou como dote a sua noiva, futura esposa, D. Isabel de Aragão, as vilas de Abrantes, Óbidos, Alenquer e Porto de Mós, que a partir de então (até 1834) passariam a integrar o património das rainhas de Portugal. No contexto da crise de sucessão de 1383-1385, o seu alcaide, contra a vontade dos moradores, tomou o partido de Beatriz de Portugal, tendo resistido às forças do Mestre de Avis. Óbidos e o seu castelo foram entregues a João I de Portugal (1385-1433) por Vasco Gonçalves Teixeira após o falecimento em combate do seu pai e alcaide do castelo, João Gonçalves, na batalha de Aljubarrota (1385).
Sob o reinado de João II de Portugal (1481-1495), a rainha D. Leonor escolheu a povoação e seu castelo para residir após o falecimento por acidente de seu filho único, o príncipe D. Afonso, optando ainda pelas águas termais da região – as Caldas da Rainha – para tratamento da doença que viria a matar o monarca.
O seu sucessor, Manuel I de Portugal (1495-1521), outorgou o Foral Novo a Óbidos (1513), procedendo importantes melhoramentos na vila e em seu castelo. É dessa fase, no século XVI, a reconstrução dos Paços do Alcaide pelo então alcaide-mor D. João de Noronha. No Paço dos Alcaides salientam-se as janelas de belo recorte manuelino abertas para o interior do pátio. São ainda do seu tempo a chaminé existente na sala principal e o portal encimado pelas armas reais e da família Noronha, ladeado por duas esferas armilares.
O terramoto de 1 de novembro de 1755 causou danos às defesas da vila e ao castelo, que no século XX estava em total ruína. A partir de 1932, o conjunto sofreu as primeiras intervenções de consolidação, reconstrução e restauro a cargo da Direcção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais (DGEMN), que se estenderam pelas décadas seguintes até aos nossos dias, sendo o espaço do castelejo requalificado como Pousada do Castelo (1948-1950). Foi a Pousada do Estado a ocupar um edifício histórico e é até hoje, uma das mais belas pousadas e Portugal.
O Castelo de Óbidos é um primoroso exemplar de arquitetura militar que mistura elementos dos estilos românico, gótico, manuelino e barroco, de implantação urbana, isolado, a 79 metros acima do nível do mar.
Está distribuído por duas zonas principais: a do Castelejo – atual Pousada do Castelo, ou Pousada de Óbidos – e o bairro intra-muros.
O perímetro das muralhas, reforçadas por torres de planta quadrada e cilíndrica, alcança 1.565 metros, totalmente percorrido por um adarve defendido por parapeito ameado. Em alguns trechos, as muralhas chegam a ter 13 metros de altura.
O troço este da muralha constitui o núcleo do muralhamento mais amplo que envolve o castelo e a vila, e que, prolongando-se por ambos os lados em direção ao sul por 500 metros, fecha o perímetro em ponta, na chamada Torre do Facho.
O acesso é feito por quatro portas e dois postigos, destacando-se a Porta da Vila ou Porta de Nossa Senhora da Piedade, encimada por uma inscrição, ali colocada pelo rei D. João IV (1640-1656), e que reza: “A Virgem Nossa Senhora foi concebida sem pecado original”. No seu interior encontra-se uma capela com varanda, revestida de azulejos do século XVIII.
De destacar ainda o pelourinho da vila, erguido em granito. Apresenta em uma das faces o escudo com as armas reais e do outro o camaroeiro de D. Leonor, que esta rainha doou à Vila em memória da rede em que os pescadores lhe trouxeram o seu filho morto num acidente de caça. Nele, no passado, eram expostos e castigados os delinquentes e criminosos.
A ver também o aqueduto da vila, com uma extensão de três quilómetros, unindo o monte da Usseira e o de Óbidos. Mandado construir pela rainha D. Catarina da Áustria, esposa de D. João III (1521-1557) transportava a água que abastecia os chafarizes de Óbidos.
Outro local de interesse é o Cruzeiro da Memória, construído em comemoração da tomada de Óbidos aos mouros por D. Afonso Henriques, assinala o lugar onde este montou acampamento antes de conquistar a Vila.
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