Natividade Lemos, leitora do Camões, I.P. na Universidade de Havana, explica que ao instituto português caberá “apoiar a investigação nas diferentes expressões da cultura portuguesa e de expressão portuguesa” e garantir “o apetrechamento de um espaço próprio para o ensino do português”.
Um protocolo assinado a 27 de outubro último em Cuba, entre o Camões, I.P., através da sua Presidente, Ana Paula Laborinho, e a Universidade de Havana, pela mão do sue reitor, Gustavo Cobreiro Suárez, assinalou a criação da Cátedra Eça de Queirós. Natividade Lemos, leitora do Camões, I.P. na Universidade de Havana, explica que ao instituto português caberá “apoiar a investigação nas diferentes expressões da cultura portuguesa e de expressão portuguesa” e garantir “o apetrechamento de um espaço próprio para o ensino do português”.
No âmbito da cátedra deverão ser dinamizadas várias atividades: a elaboração de materiais didáticos para o ensino de Português Língua Estrangeira que possam ser utilizados nas instituições de ensino cubanas; a promoção e publicação de investigação científica na área dos Estudos Portugueses; a difusão da Língua Portuguesa no sistema universitário de Cuba; a criação e execução de projetos conjuntos para a consolidação das redes de ensino, cientifico-técnicas e de inovação; a mobilidade académica com vista à promoção da Língua e Cultura Portuguesas e a criação de um acervo bibliográfico e audiovisual com vista à promoção dos Estudos Portugueses em Havana.
Na área da investigação, a Cátedra Eça de Queirós deverá acolher projetos “que vierem a ser considerados pertinentes e necessários pelo futuro diretor da Cátedra, cubano, no âmbito da língua e da cultura portuguesas, e, julgo, igualmente pelo futuro Leitor do Camões I.P”, explica Natividade Lemos, lembrando que o ensino no âmbito do leitorado e as atividades desenvolvidas pela Cátedra “podem e devem andar a par, de forma complementar e não substituível”. Lembra porém que “o Leitorado visiona e abarca uma abordagem séria e profunda do ensino da língua portuguesa, desejável e idealmente no âmbito de um programa de licenciatura com um currículo específico que se desenvolve por etapas ao longo de anos”. Já uma Cátedra “costuma ou deve”, ser desenvolvida “quando já existe terreno razoavelmente fértil do ponto de vista linguístico e da existência de capital humano formado nessa área, para que assim possa crescer firme e segura em direção a um futuro planificado idoneamente, por etapas lógicas, com visão”, acrescenta, dando como exemplo, objetivos no âmbito da investigação, da ciência, das edições/publicações e traduções, da produção de materiais didáticos, da organização de eventos culturais, artísticos e literários com alguma predominância no âmbito da figura que lhe dá o nome, neste caso Eça de Queirós, da realização de oficinas e seminários no âmbito da arte, da literatura, da cultura, entre outros.
No caso do ensino – e partindo do que tem sido uma prática frequente em Cuba – a leitora do Camões, I.P. acredita que no enquadramento de uma Cátedra a língua é ali habitualmente ensinada “a outro nível e desde outra perspetiva, não curricular, no âmbito do que se poderão chamar cursos extracurriculares, a maioria das vezes com fins puramente comunicativos”. Explica que essa é a experiência das Cátedras de língua e cultura em Cuba, “como se de uma espécie de ‘instituto de língua’ se tratasse”. “Do analisado até ao momento, temo que, em Cuba, isso possa ser considerado suficiente para formar “profissionais” da língua, professores, tradutores e intérpretes, estando portanto ao serviço da política linguística que tenho observado até ao momento. A crença cubana na eficácia de bolsas completas de licenciatura no estrangeiro compõe o quadro da formação linguística. A oferta, por parte do lado português, de equipamento informático para a Cátedra é também um ponto muito importante para o lado cubano”, considera.
Natividade Lemos sublinha que para a criação da Cátedra Eça de Queirós, foi determinante a visita a Portugal do reitor da Universidade de Havana, Gustavo Cobreiro Suárez, em maio deste ano, e os encontros que teve com o Presidente da República, Marcelo rebelo de Sousa e com a Presidente do Camões I.P, Ana Paula Laborinho, e ainda a intervenção do Embaixador de Portugal em Havana, Luís Faro Ramos.
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