Aqui nasceu, em Portugal, a Ordem dos Templários. Por isso Tomar herdou dos Cavaleiros do Templo o porte altivo, mas também o charme com que distingue quem a visita.
Aqui nasceu, em Portugal, a Ordem dos Templários. Por isso Tomar herdou dos Cavaleiros do Templo o porte altivo, mas também o charme com que distingue quem a visita. É uma cidade de grande encanto pela sua riqueza artística e cultural, mas também pela paisagem que oferece, onde tudo é feito à medida do visitante. O Convento de Cristo, continua a ser a grande porta de entrada, mas resumir Tomar ao convento é pouco, muito pouco mesmo. Por isso pegue na família e visite-a e veja por si mesmo.
Fundada por D. Gualdim Pais em 1160, Tomar foi sede das Ordens do Templo e de Cristo e teve no Infante D. Henrique um dos responsáveis pelo seu crescimento.
A fixação humana (há mais de 30 mil anos) deveu-se ao excelente clima, água abundante, fácil comunicação fluvial e excelentes solos. Das sucessivas marcas civilizacionais pré-históricas restam utensílios, grutas, antas, povoados, algumas lápides, moedas, esculturas e peças utilitárias. Os romanos fundaram a cidade de “Sellium” cuja planta ortogonal decorre da perpendicularidade dos característicos eixos cardus e decumanus que determinavam a organização urbanística das cidades romanas. Para além das ruínas do Forum de Sellium, as escavações efectuadas (c. 1980) na zona da actual Alameda 1 de Março deram conta de vestígios das habitações da época.
Pelos meados do século VII, aqui existiram conventos de freiras e frades, datando dessa época o episódio visigótico e lendário do martírio de Santa Iria. Deve-se à ocupação árabe (após 712) a origem do nome Tomar: “Tamaramá”, doces águas. Thomar nasce com o castelo (1 de Março de 1160), cuja construção, pela Ordem dos Templários, bem como a da Vila de Baixo, se prolongou por 44 anos.
O Convento de Cristo
Qualquer que seja o motivo para visitar a cidade, subir ao castelo templário e descobrir a obra monumental do Convento de Cristo é imprescindível. A Charola é a parte mais antiga. Este oratório templário foi construído no séc. XII, assim como o castelo, que na época era o mais moderno e avançado dispositivo militar do reino, inspirado nas fortificações da Terra Santa. Foi transformada em Capela-Mor aquando da reconstrução ordenada por D. Manuel I, no séc. XVI, altura em que o conjunto ganhou o esplendor arquitetónico que ainda hoje se preserva e que lhe justificou a classificação como Património da Humanidade.
A cidade em cruz
A partir do Convento, podemos descer a pé pela Mata dos Sete Montes até ao centro histórico. Indo pela estrada, vemos a meio do percurso a Ermida de Nossa Senhora da Conceição, uma pequena joia renascentista, obra do português João de Castilho que também trabalhou no Convento.
A seguir, há que visitar Tomar. A área urbana mais antiga, medieval, organiza-se em cruz, orientada pelos pontos cardeais e tendo um convento em cada extremo. A Praça da República, com a Igreja Matriz dedicada a São João Baptista marca o centro, tendo a oeste a colina do Castelo e do Convento de Cristo. Nas ruas em redor podemos encontrar lojas de comércio tradicional e o café mais antigo onde se podem apreciar as delícias da pastelaria local: queijadas de amêndoa e de chila e as tradicionais Fatias de Tomar, confecionadas apenas com gemas de ovos e cozidas em banho-maria numa panela muito especial, inventada por um latoeiro da cidade em meados do século passado.
O curioso museu dos fósforos
A sul, o Convento de São Francisco, onde se pode visitar atualmente o curioso Museu dos Fósforos e, a norte, o antigo Convento da Anunciada. A este, no local do atual Museu da Levada, vemos as antigas moagens e moinhos que trabalhavam com a força do rio Nabão que atravessa a cidade. Numa das margens, fica o Convento de Santa Iria e nessa direção, um pouco mais longe, a Igreja de Santa Maria do Olival, onde se encontram os túmulos de vários templários, entre os quais o de Gualdim Pais, o primeiro mestre da ordem e fundador da cidade, morto em 1195.
A sinagoga
Para além de ter testemunhado as lutas da Reconquista Cristã, no séc. XII, Tomar preserva um interessante testemunho da religião hebraica, a antiga Sinagoga do séc. XV, hoje Museu Luso-Hebraico de Abraão Zacuto, dedicado ao distinto astrónomo e matemático quatrocentista. Situado na antiga Rua da Judiaria tem uma valiosa coleção documental.
Para descansar do passeio cultural, nada como uma pausa no Parque do Mouchão. É um lugar fresco, onde se pode ver a Roda do Mouchão, uma roda hidráulica em madeira. É um ex-libris da cidade e evoca os tempos em que os moinhos, os lagares e as áreas de cultivo ao longo do rio contribuíam para a prosperidade económica de Tomar.
Mas há ainda motivos de passeio nas proximidades, como Castelo de Bode, uma das maiores albufeiras do país, onde se pode fazer um tranquilo cruzeiro com almoço a bordo ou optar por uma diversidade de desportos aquáticos. Também como a pequena ilhota do Rio Tejo onde se situa o Castelo de Almourol ou a localidade ribeirinha de Dornes, para quem quiser aprofundar a visita aos lugares templários de uma região ímpar.
José Manuel Duarte
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