Ao ‘Mundo Português’, o autarca lusodescendente Jorge Gomes explica que aquela é uma das cidades de França “onde vivem mais pessoas de nacionalidades diferentes”. Beausoleil é uma “comune” com 15 mil habitantes, na fronteira com o Principiado do Mónaco.
Jorge Gomes de 38 anos de idade recebe-nos na “mairie” onde está eleito desde 2008 e este português nascido em Santa Cristina de Longos, concelho de Guimarães, emigrou com 13 anos para esta bonita região. “Emigrei em 1991, com os meus pais e irmãos. Estudei até aos 16 anos e depois não quis continuar e ingressei no mercado de trabalho e ingressei na construção civil, até aprender e hoje sou empresário do ramo em sociedade com um sócio no Mónaco. Uma sociedade monegasca, de um amigo meu e em que trabalho em parceria, ou seja arranjo os meus clientes, faço as minhas obras, dado ser difícil ter uma sociedade no Mónaco. O forte dos meus trabalhos é revestimentos duros, a pedra, o mármore, a tijoleira, revestimentos de piscinas, essa é a minha especialidade”
Hoje com a nacionalidade portuguesa e francesa, para além da sua actividade empresarial, Jorge Gomes despertou para a política por mero acaso “ tinha um bar restaurante, dado aos 22 anos já trabalhar por conta própria, aqui em Beausoleil e os clientes, por vezes eram barulhentos, aos fins de semana quando havia futebol e havia queixas dos moradores. O presidente da Câmara, na altura e falamos de 2001 a 2004, dado o actual presidente ter perdido as eleições em 2001 e o eleito e registe-se só havia dois bares restaurantes portugueses. Com a proibição de fumar no interior, os clientes vinham para o exterior e não podia impedir os clientes de falar. Vi aqui à câmara e o presidente em nada me ajudou, e o estabelecimento foi fechado 1 mês e depois arriscava 6 meses. Vendi o estabelecimento, aborrecido e foi apresentado ao candidato que é hoje presidente da câmara, que me convidou para integrar a sua equipa. Disse que sim e concorri para ajudar a derrotar esse presidente da Câmara. Ganhámos, fui escolhido, não estou arrependido e o “bichinho” despertou. Comecei no Conselho Municipal e, há um ano sou vereador, com o pelouro de adjunto dos serviços técnicos e tendo sob a minha jurisdição 110 funcionários. Hoje somos dois eleitos, portugueses, eu e uma eleita que é conselheira municipal- Cristiana da Silva”.
O objectivo do presidente é ter uma equipa de eleitos representativa da diversidade de nacionalidades dos 15 000 habitantes de Beausoleil e em uma média de 5 000 são portugueses. Temos quase tudo na cidade a nível de estabelecimentos portugueses e dedicados empresários, mas falta aos portugueses maior cultura política e o despertar para se inscreverem e votarem. Imagine que só temos 360 inscritos em que só votam 160 pessoas e assim não marcamos a nossa força. Os portugueses tendem a fazer tudo entre eles e isso faz com que as pessoas se “fechem na sua concha”; devia haver maior intercâmbio para despertar o interesse pela vida política, pela vida da nossa cidade, a cidade onde habitamos. Não damos valor à nossa força pelo nosso número e no futuro só os portugueses com o seu voto que quisessem escolher um presidente da câmara escolhiam-no! 5000 é um peso enorme de votantes! Com duas associações portuguesas e dois ranchos folclóricos na região, Jorge Gomes regista que o “abandono” de Portugal por esta região, até a nível consular “ainda bem que foi criado o consulado honorário de Nice e o Joaquim Pires assumiu o convite, pois as pessoas tinham que ir a Marselha para tratar de qualquer assunto consular, de qualquer documento de Portugal e esse “abandono” traduz-se em os portugueses não quererem participar. Por exemplo nas últimas eleições portuguesas onde podemos votar, o meu voto e; como o meu de muitos, nem sequer chegou.
Regista que não tem memória da visita de nenhum Secretário de Estado Português, com por exemplo o Secretário de Estado das Comunidades nem de deputados eleitos pela emigração. “Estamos aqui, esquecidos e apesar de nos Alpes Marítimos entre 30 a 40 mil portugueses, na sua maioria do Norte, não temos vôos diretos para o Porto a partir de Nice, e pela TAP temos que ir a Lisboa. Antigamente havia voos diretos e íamos várias vezes por ano a Portugal. Sem voos diretos para o Porto não vamos e Portugal perde com isso, pois não estamos dispostos a perder um dia de viagem, quando em menos de três horas… Estamos a negociar com a Air France, via Transávia”. Não é eleito por nenhuma força política e só pede mais apoio dos eleitos e dos políticos portugueses, para com os portugueses desta região.
António Freitas
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