Marques da Cruz, presidente do Conselho de Administração das Caves Santa Marta fala sobre a expansão desta empresa vitivinícola duriense que recentemente lançou o ‘EN2’ o vinho que é um tributo à emblemática estrada que liga Portugal de Norte a Sul.
As ‘Caves Santa Marta’ produz que vinhos?
Produzimos vinhos de mesa, vinhos regionais, vinhos DOC, vinhos do Porto, vinhos generosos e espumantes. Também produzi-mos vinhos frisantes como o nosso ‘Lapadas’ que é um dos vinhos que vende mais. É um vinho para ser consumido em todas as alturas.
No top de vendas temos o ‘Bag in box’, tanto branco como tinto. Vende-se mais o tinto, logo depois é o ‘Lapadas’ branco e o rosé. Neste momento vendemos cerca de 600 mil unidades de ‘bag in box’ tinto e no caso do ‘Lapadas’ branco vendemos também cerca de 600 mil garrafas.
A produção da última vindima foi mais baixa do que o habitual, mas este ano estamos a prever produzir 6500 pipas de vinho de consumo e perto de 3500 pipas de vinho do Porto. No fundo, trata-se da produção que tivemos há dois anos, porque como referi, a última vindima não foi tão produtiva.
Qual a origem das uvas usadas na produção dos vossos vinhos?
Temos vinhas próprias, mas também temos as vinhas dos 1400 associados que aqui colocam as suas uvas e com as quais produzimos os nossos vinhos. A matéria-prima (uvas) é deles. Apoiamos os viticultores com os serviços da Proteção Integrada. Temos duas Engenheiras Agrónomas que acompanham os viticultores/associados, prestando todo os esclarecimentos e apoio técnico nas vinhas, bem como elaboram e apresentam as candidaturas para a atribuição de subsídios. Fica assim garantido que a nossa produção respeita as condições que pretendemos em termos de qualidade, mas também as regras ambientais e de armazenamento. Temos um enólogo, Engenheiro Euclides Lázaro, que também é o responsável pela produção.
A procura de maior rentabilidade também obriga a repensar o modelo de negócio?
Estamos a tentar vender mais e cada vez com maior rentabilidade. O objetivo passa por tentar reduzir a produção de ‘bag in box’ e passar essa produção para garrafa. Criar vinhos que tenham mais valor. Estamos a tentar vender mais vinhos DOC e a consequência direta dessa aposta é a redução nas vendas do vinho de ‘bag in box’. Imagine-se a nossa produção em torno das 6000 pipas, se conseguíssemos vender essas 6000 pipas em DOC, seriam mais valorizadas do que se fossem vendidas em ‘bag in box’. O nosso objetivo passa por valorizar o vinho.
O que é que nos pode avançar acerca do lançamento dos novos vinhos tributo à EN2?
Estamos a lançar um vinho específico para a estrada nacional 2. O mentor deste projeto foi o Presidente da Câmara Municipal de Santa Marta de Penaguião, que também é Presidente da Associação de Municípios da EN2. Quando ouvimos falar desta iniciativa pensámos naquilo que poderíamos fazer para tirar partido deste projeto e registámos a marca EN2. Estamos então a lançar esses vinhos. Lançámos um vinho de mesa frisante seco, que não tem nada a ver com o nosso ‘Lapadas’, é mais bruto. Depois como estamos na região do Douro queríamos ter um DOC, por isso temos o Branco e o Tinto. Lançámos estes três vinhos e vamos tentar colocá-los em todos os restaurantes da EN2. Para o efeito, fizemos um levantamento de todos, ou quase todos os restaurantes e pontos turísticos e gastronómicos ao longo da EN2.
Tratam-se de três vinhos com uma imagem diferente…mas não só?
Os vinhos ‘EN2’ têm todos tampa de rosca. Não é preciso saca-rolhas. No verão a rolha de cortiça tende a sair, no caso dos frisantes esta rolha veda muito melhor e permite abrir e fechar a garrafa muito mais facilmente. Os vinhos brancos e os rosés são todos com cápsula.
Qual o volume das exportações da empresa?
Neste momento o valor das nossas exportações corresponde a cerca de 12 por cento da faturação. Exportamos para a Rússia que é o nosso maior importador, para o Brasil e, mais recentemente, entramos no México e na Colômbia. Vendemos para o Peru através de uma empresa de vinhos verdes que precisava de vinho do Porto e escolheu-nos a nós. Exportamos também para os Camarões, para a Lituânia e para o continente Europeu, apesar de em menor quantidade para a França Suíça e Alemanha. Estamos também lentamente a entrar nos EUA. Outro dos nossos objetivos é fazer crescer as exportações.
O amplo portefólio de vinhos das ‘Caves Santa Marta’ tem ajudado a conquistar alguns mercados externos?
Temos um portfólio que vai de encontro com as diferentes necessidades do mercado. A exportação de vinhos para o México procura um tipo de vinhos diferentes. Em termos de DOC, vendemos mais o branco, o tinto e o rosé. Neste momento, estamos também a exportar os frisantes branco e o rosé. Eles pedem para associar pratos típicos portugueses ao vinho que vai ser consumido. Também exportamos para o México o nosso vinho do Porto rosé e o vinho branco. São gostos diferentes dos da Rússia. Para este mercado exportamos os três DOC e vai o Porto típico, o Tawny e o Ruby. Os vinhos que vão para o México são completamente diferentes daqueles que vendemos para a Rússia. Por exemplo, o vinho Frisante vende no México, mas na Rússia não.
Em que medida o SISAB PORTUGAL tem contribuído para o aumento das exportações?
O SISAB PORTUGAL tem ajudado bastante a empresa. O contacto que temos no México foi conseguido no SISAB PORTUGAL. Aproveitamos esse encontro para reunir com os nossos importadores e normalmente fazemos sempre novos contatos. Esta feira é muito útil.
As ‘Caves Santa Marta’ dispõem hoje de um Museu e uma área de exposições artísticas?
Temos um Museu na parte da antiga destilaria da Casa do Douro que pode ser visitada. Podem ser vistos os balseiros e a zona onde temos o vinho do Porto em estágio, para além de uma sala onde fazemos diversos jantares temáticos, sobretudo jantares vínicos. Neste espaço organizamos também exposições de pintura, resultante de um protocolo com uma galeria no Porto, a Galeria AP´ARTE. Com a exposição que se encontra patente completamos a quinta exposição nesse espaço.
Das exposições de pintura que temos feito anualmente temos selecionado algumas pin- turas dos artistas para criar os nossos rótulos. O nosso Reserva Tinto tem um rótulo criado pela artista plástica Mafalda Mendonça, temos o ‘Valdarante’, um Reserva branco, com o rótulo do Roberto Chichorro. O espumoso tem um rótulo do Jean-Marie Boomputte e temos o ‘Conde de Guião’, o nosso topo de gama, com uma aguarela de António Franchini. Fazemos os rótulos diferentes para cada mercado. Para além da língua existem regras a cumprir em cada mercado.
Estamos nesta fase a pensar desenvolver um projeto de alojamento, já temos o anteprojeto para uma unidade com 5 quartos que vai complementar o projeto de Enoturismo. Em relação às visitas ao núcleo museológico das ‘Caves Santa Marta’, são complementadas com provas de vinhos e visitas às nossas instalações, sobretudo quando estão em produção.
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